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Síndrome da deficiência energética relativa no esporte: quais os impactos e como modular via nutrição?

Em 2014, o Comitê Olímpico Internacional (COI) publicou um consenso mundial sobre a Síndrome da Deficiência Energética no Esporte (RED-S), definida como funcionamento fisiológico prejudicado causado pela deficiência relativa de energia, podendo acarretar alterações imunológicas, gastrointestinais, no crescimento e desenvolvimento, cardiovasculares, hematológicas, endócrinas (alterações hormonais), psicológicas, desordens alimentares, saúde óssea e no metabolismo (MOUNTJOY et al., 2014).

Essa inadequação de disponibilidade de energia para as demandas metabólicas do corpo e da prática esportiva ocorre por um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético. Pode acometer atletas amadores ou de alto rendimento de ambos os sexos e ter relação com uma grande pressão por resultados, preocupação excessiva com a estética, desordens alimentares, busca por um baixo peso corporal e treinamento excessivo (MOUNTJOY et al., 2014).

Efeitos da deficiência de energia relativa no esporte

A baixa disponibilidade energética, a longo prazo, está relacionada com deficiências nutricionais (ex.: anemia, osteopenia, osteoporose), fadiga crônica e aumento do risco de infecções (LAGES; REBELO-MARQUES; CARRILHO, 2018).

Outros impactos no organismo e na performance esportiva são: redução da força muscular e dos estoques de glicogênio, redução da performance, aumento do risco de doenças, redução da resposta de treinamento, dificuldade para julgamento, redução da coordenação e concentração, irritabilidade, depressão e alterações menstruais (em atletas mulheres) (MOUNTJOY et al., 2015).

A prevalência da Síndrome da Deficiência Energética tem sido sugerida ser maior em mulheres do que em homens. E embora RED-S possa ocorrer em ambos os sexos, provavelmente existem diferenças nas respostas biológicas entre atletas do sexo feminino e masculino (MOUNTJOY et al., 2014).

Como a nutrição pode auxiliar nesse contexto?

Para que o tratamento e a prevenção dos casos de deficiência de energia relativa ao esporte sejam eficientes, é necessária uma conscientização sobre RED-S entre atletas e sua equipe, além da detecção precoce. 

O tratamento nutricional é normalmente baseado em aumentar a ingestão de alimentos, mas também pode exigir mudanças nas escolhas alimentares, na distribuição de energia e outras características dietéticas; essas mudanças devem ser individualizadas e periodizadas de acordo como gasto de energia do atleta e as metas de exercícios  (MOUNTJOY et al., 2014).

Também se sugere avaliar o consumo de vitamina D e cálcio e, caso seja necessário, fazer suplementação desses micronutrientes, pois são importantes para a construção óssea. Além disso, o profissional deve dar atenção ao comportamento alimentar “desordenado”, aos transtornos alimentares e à distorção de imagem corporal (MOUNTJOY et al., 2014).

O nutricionista esportivo tem papel de acolhimento, ser facilitador e parceiro no acompanhamento dos atletas. Além de trabalhar de forma interdisciplinar, com médico clínico, especialista em saúde mental, o apoio da família também é muito importante. 

Considerações finais

A prevenção de RED-S deve ser realizada por uma contribuição adequada de energia diária por meio da ingestão alimentar. E uma identificação precoce do atleta com risco irá prevenir complicações na saúde e na performance do atleta.

O tratamento da RED-S deve focar na correção do deficit de energia relativo por meio do aumento da ingestão de energia e/ou diminuição do seu gasto. Recomendações para ingestão de nutrientes e outras vitaminas devem seguir as diretrizes estabelecidas.

Desde a publicação original do consenso do COI sobre RED-S, em 2014, houve muitos avanços científicos para melhorar a compreensão da saúde e o desempenho em atletas do sexo feminino e masculino. Porém orientações práticas para o tratamento e retorno seguro de atletas com RED-S precisam ser desenvolvidas para melhora da performance atlética.

 

REFERÊNCIAS

LAGES, A. S.; REBELO-MARQUES, A; CARRILHO, F. Défice Energético Relativo no Desporto (RED-S). Rev. Medicina Desportiva Informa, Coimbra, v. 5, n. 9, p. 14-16, 2018.

MOUNTJOY, M et al. The IOC consensus statement: beyond the female athlete triad – relative energy deficiency in sport (RED-S). British Journal of Sports Medicine.  London,v.48, n.7, p.491-497, 2014.

MOUNTJOY, M et al. Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S): Clinical Assessment Tool (CAT). British Journal Of Sports Medicine. London, v. 49, n. 7, p. 421-423, 2015.

 STATUTA, S. M; ASIF, I. M; A DREZNER, J. Relative energy deficiency in sport (RED-S). British Medical Journal, London, v. 0, n. 0, p. 1509-1509, jul. 2017.

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