A nutrição esportiva integrativa exerce um papel primordial na performance de atletas e esportistas, assim como na prevenção e recuperação de lesões. Episódios de lesões atléticas e o processo de reabilitação afetam o esportista emocional, psicológica e fisicamente.
O monitoramento e processo de recuperação pós-injúria deve, preferencialmente, ser realizado de forma multidisciplinar. Determinadas estratégias são aplicadas para otimizar a recuperação, inclusive, nutricionais. Afinal, qual o papel nutricional na recuperação de lesões?
As estratégias nutricionais são ferramentas de alto potencial e baixo custo. Podem ser aplicadas em atletas e esportistas após lesões por acidentes ou derivadas de overtraining. Há certas consequências decorrentes da lesão, como necessidade de imobilização, que desencadeia uma série de alterações comprometedoras do desempenho:
- Atrofia muscular
- Redução da síntese proteica muscular
- Desenvolvimento de resistência anabólica
- Perda de força muscular
Destacam-se algumas estratégias para serem inclusas na rotina do atleta em processo de recuperação no período de imobilidade por lesão muscular:
- Adequação do consumo energético
Nesse período, a taxa metabólica basal tende a aumentar, mesmo em lesões musculoesqueléticas, pois qualquer injúria que ativa uma resposta inflamatória e fatores estressantes gera um aumento do gasto calórico. A necessidade energética na prescrição deve ser regularizada conforme a demanda individual do atleta.
- Adequação de macronutrientes
Proteínas
Um aumento do consumo proteico, com distribuição equivalente durante as refeições do dia, minimiza a perda de massa muscular no período de imobilização. Visando atenuar a degradação muscular, orienta-se um consumo de 1,6 g/kg/dia a 3 g/kg/dia. Também é essencial que o consumo de aminoácidos seja ajustado, pois possuem papel importante na recuperação do tecido muscular, em especial a leucina, com orientação de consumo de 2 a 3 gramas por refeição.
Carboidratos
O consumo adequado garante o funcionamento de mecanismos imunológicos, hormonais e enzimáticos, todos essenciais para a recuperação de lesões. Orienta-se um consumo de 3 a 5 g/kg/dia, ou 55% do consumo calórico total, com preferência para fontes alimentares como vegetais, frutas e grãos integrais.
Gorduras
O consumo adequado visa à oferta de ácidos graxos essenciais, os quais contribuem para uma redução da resposta inflamatória. O consumo ideal varia de 0,8 a 2 g/kg/dia, ou 25% do consumo energético total, priorizando o consumo de ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados, com destaque ao EPA (õmega-3).
- Adequação de micronutrientes imunomoduladores
Priorizar e ajustar o consumo de nutrientes com importante efeito na imunomodulação e recuperação, como as vitaminas A, C e E, é parte essencial da estratégia. Respectivamente, esses micronutrientes atuam na proliferação celular, redução da inflamação e aumento da deposição de colágeno, facilitando a cicatrização e a modulação da síntese proteica muscular.
- Suplementação como coadjuvante na recuperação muscular
- Suplementos proteicos e energéticos: auxiliam no desafio de atingir a ingestão calórica nos episódios de falta de apetite, um possível resultado do menor nível de atividade física.
- Creatina: amplamente utilizada por seu potencial ergogênico. Contudo apresenta efeitos positivos no período de reabilitação, aumentando a capacidade de recuperação muscular, prevenindo cãibras e desidratação muscular. Orienta-se o uso de 20g por dia, divididos em 4 doses por 5 dias, e, depois, um consumo de 3 a 5 g/dia para manutenção.
- Ômega-3: exerce importante papel na modulação de processos inflamatórios. Há possíveis benefícios com a suplementação visando à redução da perda de massa muscular durante imobilização, sendo que a prescrição sugerida varia de 2 a 4 g/dia.
REFERÊNCIAS
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