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Manejo dietético da proteína em dietas plant based: como atingir quantidades satisfatórias?

proteína e atleta

A literatura científica aponta que, além da ingestão de proteína em termos quantitativos, a cinética de digestão e absorção, assim como os aminoácidos ingeridos podem determinar a resposta anabólica. Isso porque essa resposta é amplamente dependente do aumento pós-prandial de aminoácidos essenciais nas concentrações plasmáticas, tendo a leucina um papel fundamental, conforme a revisão de Pinckaers et al (2022).

Até 2050, existe uma projeção de que a população global atingirá aproximadamente 9,6 bilhões; podendo não ser mais viável a produção de quantidades suficientes de alimentos convencionais de origem animal e ricos em proteínas para atender as demandas globais (PINCKAERS et al., 2022).

Tendência global e efeito anabólico da proteína vegetal

Esse cenário reforça a forte tendência na transição para uma dieta mais baseada em vegetais e, apesar do atual mercado já oferece opções diversas de proteínas vegetais, ainda se discute a biodisponibilidade e as propriedades anabólicas das mesmas; isso porque a maioria dessas proteínas são relativamente baixas em teor de aminoácidos essenciais; e muitas vezes são deficientes em um ou mais aminoácidos específicos, como leucina, lisina e/ou metionina (PINCKAERS et al., 2022).

Absorção de proteína animal X proteína vegetal

Dados recentes em humanos mostram que cerca de 80 a 95% da proteína presente em ovo e frango é absorvida; ao passo que a absorção do macronutriente de grão de bico, feijão e ervilha; está em torno de 50 a 75%. Essa diferença pode ser explicada pela presença de fatores antinutricionais, como fibras e taninos polifenólicos (PINCKAERS et al., 2022).

Sob esse ponto de vista, quando uma proteína à base de plantas é extraída e purificada, sua capacidade absortiva usualmente atinge níveis semelhantes aos observados para fontes convencionais de proteína de origem animal (PINCKAERS et al., 2022).

Maquinaria da síntese proteica

O aumento pós-prandial na concentração de aminoácidos no plasma estimula as sinalizações no tecido muscular esquelético, da mesma forma que fornece o substrato necessário para síntese proteica; a depender também da quantidade de aminoácidos essenciais ingeridos. Por essa razão, proteínas com alto teor de aminoácidos essenciais são usualmente consideradas proteínas de alto valor biológico (PINCKAERS et al., 2022).

Processos de produção e combinações bioeficientes das proteínas vegetais

Processos envolvidos em colheita, processamento, armazenamento, cozimento, mastigação e ingestão interferem na capacidade absortiva do nutriente. Além disso, misturas de proteínas vegetais podem desempenhar um papel diferencial na tendência de reduzir o consumo de alimentos de origem animal (SARACINO et al., 2020).

Recomendação da OMS X efeitos clínicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de 0,8 g/kg/dia, entretanto, a literatura científica sugere que o consumo de 1,6g/kg de proteína maximizaria os ganhos de massa e força muscular durante o exercício físico prolongado do tipo resistência (SARACINO et al., 2020; PINCKAERS et al., 2022).

Portanto, conforme Saracino et al. (2020) refere em seu estudo, para estimular as propriedades anabólicas com o uso de proteínas derivadas de plantas faz-se necessário avaliar:

  • consumo de uma maior quantidade de proteína derivada de plantas para compensar menor absorção;
  • uso de misturas específicas de proteínas derivadas de plantas para equilibrar o aminograma;
  • fortificação de proteína a base de plantas com aminoácidos livres específicos que estão deficientes.

Para complementar os dados, Nebl et al. (2019), fizeram um estudo transversal para comparar a capacidade de exercício de corredores veganos, ovolactovegetarianos e onívoros. Os participantes realizaram testes em bicicletas ergométricas até a exaustão voluntária. Os dados indicaram que cada dieta examinada não apresentou vantagens nem desvantagens em relação à capacidade de exercício; sugerindo que uma dieta vegana pode ser uma alternativa adequada para corredores.

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REFERÊNCIAS

PINCKAERS, Philippe J M et al. The Anabolic Response to Plant-Based Protein Ingestion. Sports Med. Holanda, p. 59-74. 13 set. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34515966/. Acesso em: 04 jul. 2022.

SARACINO, Patrick G et al. Effects of Pre-Sleep Whey vs. Plant-Based Protein Consumption on Muscle Recovery Following Damaging Morning Exercise. Nutrients. Estados Unidos, p. 1-38. 10 jul. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32664290/. Acesso em: 04 jul. 2022.

NEBL, Josefine et al. Exercise capacity of vegan, lacto-ovo-vegetarian and omnivorous recreational runners. J Int Soc Sports Nutr. Alemanha, p. 1-22. 20 maio 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31109329/. Acesso em: 04 jul. 2022.

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