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Imunidade, nutrição e exercício físico: elo na prevenção da COVID-19?

A pandemia da COVID-19 trouxe um foco ainda mais especial ao sistema imunológico, sendo este já evidenciado na literatura científica em relação à sua importância no desencadeamento ou na prevenção das doenças crônicas. Sabe-se que o estilo de vida, principalmente a nutrição e a prática de exercícios físicos, é essencial para a homeostase. Neste sentido, a conduta nutricional do nutricionista, aliada à atividade física, é possível promover a saúde e proporcionar qualidade de vida, atuando na prevenção de doenças, inclusive da COVID-19.

Sistema imunológico: da prevenção a infecções à homeostase metabólica
Além das funções tradicionais do sistema imunológico de conferir proteção contra infecções, recentemente foi implicado seu papel na regulação da homeostase metabólica sistêmica. Essa conversa cruzada entre os sistemas imunológico e metabólico é fundamental na promoção da “saúde metabólica” ao longo da vida do indivíduo. Quaisquer alterações nesta ligação imunometabólica levam a estados metabólicos alterados que podem culminar em distúrbios como desnutrição, obesidade, cânceres, diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e outros. Podemos destacar como os principais reguladores das interações imunometabólicas incluem a genética, o estado nutricional, o sono, o exercício físico e a microbiota intestinal.

Estamos vivendo duas pandemias concomitantes?
A obesidade e suas comorbidades são cada vez mais prevalentes no Brasil e no mundo, com um crescimento mais rápido em indivíduos de menor renda; e, atualmente, uma doença associada à gravidade, a complicações e a óbitos de COVID‐19. Ainda, destaca-se que, com as medidas de distanciamento social, agrava-se o comportamento sedentário dos pacientes, o que pode culminar com o agravamento do estado nutricional, ainda, acarretando uma imunodeficiência.

O papel imunomodulador do exercício físico e sua relação com a nutrição
O exercício físico, assim como a nutrição, afeta diretamente o imunometabolismo das células de defesa, atuando na função e diferenciação destas, principalmente, através da sinalização do AMPK e o mTOR. É importante levar em consideração que a duração e a intensidade do exercício físico e biodisponibilidade de nutrientes, como aminoácidos de cadeia ramificada e glutamina, são essenciais para a regulação dessa sinalização (BATATINHA et al., 2019).

Ainda em relação à nutrição, o sistema imunológico integrado e complexo precisa de vários micronutrientes específicos, incluindo vitaminas A, D, C, E, B6 e B12, folato, zinco, ferro, cobre e selênio, que desempenham papéis vitais, muitas vezes sinérgicos em cada estágio da resposta imune. Quantidades adequadas são essenciais para garantir o funcionamento adequado das barreiras físicas e das células imunológicas; no entanto a ingestão diária de micronutrientes necessária para apoiar a função imunológica pode ser maior do que as atuais recomendações dietéticas. Certas populações têm ingestão inadequada de micronutrientes na dieta e situações com necessidades aumentadas (por exemplo, atletas, quadros infecciosos e estresse) diminuem ainda mais os estoques no corpo, dessa forma, havendo a necessidade de suplementação para adequação dos estoques corporais.

Há evidências científicas que, durante e após o exercício físico moderado e regular, são liberadas citocinas pró e anti-inflamatórias, há aumento da circulação linfócitos e o recrutamento de células de defesa, o que se associa à menor incidência, intensidade de sintomas e mortalidade por infecções virais. No geral, o exercício de intensidade moderada proporciona proteção contra infecções causadas por micro-organismos, pois orienta a resposta imune para a predominância de células Th1.

Ainda, há outro papel imunomodulador do exercício físico, que se relaciona com a saúde metabólica e é fundamental na prevenção e no tratamento de várias doenças crônicas, como a obesidade e suas comorbidades.

Imunidade, nutrição e exercício físico em relação à COVID-19
Sabe-se que exercício físico e o estado nutricional adequado desempenham um papel fundamental na prevenção da maioria das doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, que foram identificadas como fatores de risco potenciais para pacientes mais graves com COVID-19. Além disso, a falta de atividade física e hábitos alimentares ruins estão ligados com a incapacidade do organismo em lidar com infecções e complicações imunológicas e cardiopulmonares, tendo um risco maior de desfechos mais graves da doença.

A hiperglicemia crônica, por exemplo, afeta negativamente a função imunológica e aumenta o risco de morbidade e mortalidade devido a qualquer infecção, enquanto a obesidade modifica a resposta imune inata e adaptativa caracterizada por um estado de inflamação crônica e de baixo grau. O comportamento alimentar está profundamente ligado à regulação da função imune, pois as células do sistema imunológico dependem de vitaminas e minerais para terem suas funções devidamente preservadas e atuarem no combate às infecções.

Assim, o controle adequado dos distúrbios metabólicos, incluindo tanto a atividade física quanto uma alimentação saudável, pode ser importante para reduzir o risco de COVID-19 grave. No entanto vale evidenciar que manter bons hábitos não impede a infecção pelo novo coronavírus, mas pode contribuir com a redução das complicações e da mortalidade.

Referências

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