Todo nutricionista que tem como nicho de atendimento atletas busca a melhora do desempenho e, consequentemente, dos resultados. Um plano nutricional efetivo e integrado à suplementação, baseado nas necessidades dos atletas antes, durante e após as sessões de treinamento e competições, é essencial para alcançar e manter a performance atlética ideal. Mas, para isso, é importante que o profissional esteja atualizado com as mais recentes evidências científicas, de forma que a conduta seja cada vez mais assertiva.
Nutrigenômica e performance de atletas – o que se sabe até agora?
A nutrição personalizada em atletas, levando em consideração a nutrigenômica e a nutrigenética, visa otimizar a saúde, a composição corporal e o desempenho do exercício, com direcionamento ao perfil genético do indivíduo. As diferenças genéticas são conhecidas por impactar a absorção, o metabolismo, a absorção, a utilização e a excreção de nutrientes e compostos bioativos, afetando, assim, várias vias metabólicas e, consequentemente, o desempenho esportivo.
Para entender melhor, quando um atleta é exposto a um alimento, bebida, nutriente ou composto bioativo, uma variante genética, como o polimorfismo de nucleotídeo único (sigla em inglês, SNP) modifica a resposta do indivíduo a essa exposição, sendo que sua resposta única depende do seu genótipo. Por exemplo, em relação à cafeína: no SNP do CYP1A2 rs726551, indivíduos com o genótipo AA (metabolizadores rápidos) sofrem uma reação positiva, que irá proporcionar melhor desempenho à cafeína. Já os indivíduos com o genótipo CYP1A2 AC ou CC, ao usarem a cafeína, não irão apresentar nenhum efeito ou poderão ter o desempenho prejudicado.
As variações genéticas associadas à cafeína são apenas exemplos de diversas outras que a literatura científica já apontacomo evidências em relação ao impacto no desempenho de atletas, existindo também relação com essas variações para a vitamina A, folato, ferro, vitamina B12, ácidos graxos monoinsaturados, vitamina D e entre outros nutrientes e compostos (GUEST et al., 2019).
Hidratação – é igual para todos os atletas?
A hidratação corporal, durante a atividade esportiva, é um dos melhores indicadores de saúde em atletas e pode ser um fator limitante para o desempenho esportivo. Segundo Belval et al. (2019), estratégias para personalizar a hidratação são importantes para otimizar a performance, visto que a necessidade hídrica é individualizada e depende de fatores como taxa de suor, modalidade, intensidade e duração do exercício e condições ambientais.
Além disso, características e regras exclusivas para cada ambiente esportivo, uniforme e equipamento e a disponibilidade de fluido durante o treinamento e a competição podem influenciar a capacidade de otimizar a hidratação durante o exercício físico. Dessa forma, a hipo ou hiper-hidratação devem ser avaliadas de forma individualizada, para cada atleta, com um adequado plano de hidratação para o esportista (questão orientadora com base nos aspectos citados, etapas para correção e exemplos de implementação na prática clínica).
Recomendações de proteínas – O que há de novo?
Como já se sabe, a proteína é um importante macronutriente que deve ser levado em consideração no plano alimentar dos atletas. Em 2017, foi publicado, por Jäger et al. (2017), no Journalof The International Society of Sports Nutrition, uma posição acerca da recomendação proteica e dos exercícios físicos. Dentre diversos pontos importantes expostos pelos autores, ressalta-se a relação à recomendação da dose de proteínas para maximizar a síntese muscular dos atletas, sendo 0,25g de proteínas de alta qualidade por kg de peso corporal ou uma dose absoluta de 20 a 40g, com distribuição a cada 3 a 4 horas, ao longo do dia. Além disso, os autores consideram que os benefícios ocorrem tanto com a ingestão pré ou pós-treino, sendo o efeito anabólico do exercício duradouro (pelo menos 24 h).
Antonio et al. (2020), em uma recente revisão sobre a proteína dietética em indivíduos ativos, concluiu, em relação ao consumo proteico pré-sono, que este parece melhorar a recuperação do exercício noturno e contribuir para que os atletas atinjam toda a recomendação proteica diária, apesar de não haver benefício no desempenho do exercício no dia seguinte.
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REFERÊNCIAS
GUEST, N. S. et al. Sport Nutrigenomics: PersonalizedNutrition for Athletic Performance. Frontiers in Nutrition, v. 6, n. 8, 2019. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6389634/pdf/fnut-06-00008.pdf>.
BELVAL, L. N. et al. PracticalHydrationSolutions for Sports. Nutrients, v. 11, n. 7, p. 1550, 2019. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6682880/#!po=7.14286>.
JÄGER, R. et al. International Society of Sports Nutrition Position Stand: proteinandexercise. JournaloftheInternational Society of Sports Nutrition, v. 14, n. 20, 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5477153/pdf/12970_2017_Article_177.pdf>.
ANTONIO, J. et al. EffectsofDietaryProteinonBodyComposition in ExercisingIndividuals. Nutrients, v. 12, n. 6, p. 1890, 2020. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7353221/>.